Me lembro de quando era pequeno, eu achava que meu avô era corintiano. Toda vez que ele me perguntava alguma coisa do Palmeiras, logo após a minha reposta, sempre vinha um retruco do tipo “time de m****”. E por muito tempo isso ficou na minha cabeça.

Passados alguns anos, eu finalmente entendi o que acontecia ali. Meu avô não era corintiano. Era palmeirense. Ele apenas estava exercendo o papel de corneteiro, característica fundamental de um torcedor.

Nós, torcedores, não sabemos bem o que fazemos, mas sabemos como fazemos. Sim, somos essa espécie maluca de ser humano que briga com a televisão, que vai no estádio para xingar o bandeirinha, mesmo ele não escutando.

Somos aquela espécie que gasta fortunas com nossos mantos sagrados, que vai do êxtase de um gol a favor, à desolação de um gol contra. Enfrentamos filas, passamos calor e frio. Chuva? A gente encara de frente.

Idolatramos pernas de pau, chamamos de mercenário aquele que sai do nosso time e rogamos praga para os que vão jogar no time rival. Odiamos nosso presidente, mas elogiamos quando ele contrata alguém. Somos oposição e situação na mesma eleição, só querendo o melhor na esquadra amada.

Já dissemos que nunca mais acompanharíamos uma partida mas não dá. É mais forte que a gente. A cada derrota a sentença se repete, que acaba sendo cancelada a cada vitória.

Somos malucos? Sim! Somos loucos! Loucos apaixonados de coração pulsante no ritmo do batuque da torcida. Somos passionais, e é demais ser assim. Vivemos com emoção, a cada dia, uma emoção diferente. A casa dia, um amor que se fortalece.

 

Texto publicado originalmente no blog Junta 7

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