Futebol: desporto de equipe jogado entre dois times de 11 jogadores cada um e um árbitro que se ocupa da correta aplicação das normas. Sua forma moderna data-se do século XIX, quando a  The Football Association foi criada na Inglaterra e determinou as regras da brincadeira.

Passados muitos e muitos anos, o futebol de hoje não é nem sombra daquilo que era antigamente. Tudo mudou, desde a forma de jogar até a forma de torcer. A velocidade impressa em campo é absurdamente maior, o mesmo vale para tática, técnica e força. Isso só para ressaltar alguns pontos.

Mas você viu ali onde eu falo que o jeito de torcer também mudou? Aparentemente, o torcedor de futebol vive uma atmosfera cíclica. O que começou como algo que só a elite da época podia usufruir, logo caiu nos braços do povão, que o popularizou de maneira assustadora.

A César o que é de César. Ao povo do que é ao povo. O futebol é do povo. Milhões de corações que pulsam no ritmo dos bumbos e ecoam como as bandeiras nos mastros. Gritos que se esvaíram como a fumaça dos sinalizadores atreladas ao papel picado. Só que isso mudou. E mudou muito.

É nítido que a bola passou por uma grande transformação. Tudo ficou mais caro e o futebol não escapou dessa paulada. Não só não escapou, como agora é dono do pau que bate tanto em Chico, quanto em Francisco. O negócio da bola, que movimentava rios de pessoas, hoje movimenta rios de cifrões.

A situação só se alarmou com a modernização dos estádios, antigos campos que hoje levam o garbo e a elegância do título de Arenas. E nas arquibancadas dessas arenas, onde era comum ver o povo, desde os tempos de Coliseu, hoje não se vê mais. Digo, até se vê, mas é um povo diferente. Um povo que não é do povão. Acho que você entendeu.

Nesse novo futebol, o povo tem cada vez menos voz. São poucos os gritos que conseguem se sobressair perante o barulho da máquina registradora, que conta o montante de renda obtida, que virou sinônimo de provocação entre rivais.

E nesse atual cenário, onde o povo é menos povo, o coração se aquece quando vemos exemplos de resistência, daquilo que chamam de futebol raiz. Numa terra onde o preço de um ingresso de arena consumiria uma parte considerável do salário mínimo de um país decadente, ainda existem aqueles que dão voz ao humilde.

Grande Vitória, Leão baiano. Gigante, Vitória. 29 vezes campeão estadual, o rubro negro já deu provas de sua grandeza em diversas vezes, em campanhas de cunho social que entraram para a história. O Leão, que voltou a dar voz ao seu povo, mesmo que seja um pouco.

Para a final do Baianão, que acontece domingo agora, no Barradão, o Leão disponibilizou uma carga de ingressos por apenas R$ 10 reais. 10 merréis, que pode fazer falta para muitos, mas é o suficiente para acalentar o amor de um torcedor pelo seu clube, a ponto de inebriar a vista de tanta felicidade. E eu uma final!

Esses dezão que fez o Antônio chorar de alegria. Esses dezão que me fez chorar com a alegria do torcedor. Esses dezão que todo time deveria repetir em algum momento.

O futebol foi erguido pelo povo, de gente que jogava descalço na terra batida ou na rua de paralelepípedo. Sem o povo, o futebol não é nada. Não se esqueça disso, não se esqueça do povo.

Do seu povo

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