Ir a um estádio de futebol no Brasil é concordar em ser “assaltado”! Foi o que aconteceu comigo quando fui ao estádio com meu marido e meus dois filhos pequenos.

Além de pagar caro por um ingresso para sentar em uma arquibancada de concreto, suja e sem assentos verdadeiramente marcados como define o Estatuto do Torcedor, ainda foi preciso, mais uma vez, conviver com o roubo oficializado: um copo de refrigerante de 300 ml custava R$ 6,00; um pacote pequeno de salgadinho, R$ 5,00; um chocolate, também pequeno, R$ 5,00. E, pasmem, um pacote daquelas pipoquinhas doces, que você compra em qualquer lugar por R$ 0,50, lá custava, também, R$ 5,00. Quer tomar água? Um mísero copo saía por R$ 5,00.

Pagar por isso é concordar em ser “assaltado”. E eu concordei… Como o jogo era às 18h, buscamos as crianças na escola e fomos para o Pacaembu e, assim, não tivemos tempo para comer algo. Tampouco poderia comprar algo fora do estádio e entrar para assistir à partida. Isso não é permitido pela Lei número sei lá qual, que uma policial gritou na minha “cara” quando tentei entrar com três garrafinhas de água, certa vez. Ameaçou até me prender porque eu a contestei. Isso tudo em frente a meus filhos. O destino das garrafinhas com água? O lixo!

A situação me revoltou já antes da chegada. Na Avenida Angélica, bem distante do estádio, os estacionamentos tinham placas com os valores cobrados: Pacaembu – R$ 30,00. Acabamos encontrando um por R$ 20,00 e, lógico, pagamento adiantado. Na volta, uma surpresa: a placa sumiu e havia uma outra onde constava R$ 15,00 a diária.

Você reclama do flanelinha oportunista, mas sendo estabelecimento comercial, não tem problema… ”Isso pode, Arnaldo?”

Esse Brasil de aproveitadores e sem-vergonhas me revolta, e muito. Cadê o Procon, o Idec e as outras entidades de defesa dos consumidores? Ninguém faz nada… Chegam a cobrar dez vezes mais que o preço de mercado, não pagam impostos e tudo bem. Sim, porque ao cobrar um valor exorbitante por um refrigerante em uma lanchonete de shopping, por exemplo, o comerciante terá, ao menos, que recolher os impostos sobre esse valor. E quem te dará uma nota fiscal em um estádio?

É assim que pretendem que as famílias frequentem os estádios? O futebol sempre foi popular, grandes craques saíram dos campos de várzea, foram meninos que moravam em lugares humildes e mudaram sua história pelo esporte. Mas o povo não consegue assisti-los, a não ser que seja na arquibancada geral, com um bando de gente espremida e sem o mínimo conforto a que tem direito! E nós, fazemos de conta que está tudo bem, tudo por amor ao nosso time. Quando vamos fazer valer a nossa voz de torcedor? Temos voz pra gritar no estádio, mas não fora dele. Pense nisso…

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