por João Gabriel, João Rafael e Matheus Bottura

Kobe Bryant encerrará sua carreira na noite desta quarta-feira, diante do Utah Jazz, às 23h30, horário de Brasília. Mais do que fazer uma matéria sobre números e conquistas do Black Mamba, preferimos homenagear a lenda com pequenas textos nossos, de cada um, contando como Kobe nos influenciou. O coração falando mais do que textos frios. Obrigado, Kobe, nas palavras de João Gabriel Falcade, João Rafael Venâncio e Matheus Bottura.

João Rafael

Desde quando comecei a acompanhar NBA até hoje, Kobe Bryant nunca foi meu jogador favorito. Uma pena para mim. Nunca desrespeitei Black Mamba e sei de sua importância para a liga e para o desenvolvimento da popularidade do esporte. Kobe abraçou o mundo e o mundo, em reciprocidade difícil de se encontrar, o abraçou. Muito por isso a minha admiração por ele.

Me arrependo por ter exaltado tantos esportistas que só atuam por dinheiro e não ter exaltado alguém com tanto amor ao jogo; alguém com tanta técnica; alguém com tanta vontade ganhar e com um ódio imenso pela derrota. Por vezes, Kobe foi um espelho para mim, sem mesmo eu perceber.

Se aproxima o fim de uma era. Uma geração que começou a acompanhar a NBA, sendo acostumado a ver Kobe Bryant jogando o fino e nos dando prazer em ver o jogo, terá que se acostumar com a ideia de ter um gênio a menos dentro de quadra.

Na minha opinião, eu vi jogadores melhores que Bryant, o que não mancha em nada a carreira dele, até porque foram poucos. Mas partilho da opinião de Magic Johnson, grande jogador do Los Angeles Lakers e que fez história na NBA, dizendo que Kobe é o jogador que mais se aproximou de Michael Jordan. Sim, ele é. Ele é, porque trabalhou para o jogo. Ele é, porque amou o jogo.

Para se ter uma ideia, até Kanye West, que possui um senso de autoconfiança estratosférico disse que queria ser como Kobe em algum dia da sua vida.

Na música Swagga Like Us, de Jay Z com Kanye West, Lil Wayne e T.I., Mr. West encerra sua participação na música com a linha: “Trying to get the Kobe number / One over Jordan”, Kanye estaria tentando alcançar o o número de Kobe, um a mais do que Jordan, em referência às camisas que os astros imortalizaram: a 24 e 23, respectivamente.

A NBA deixará de ter um jogador, para ter uma lenda imortalizada. Mamba ficará marcado e eu vi isto acontecer. O camisa 24 deixará um vazio enorme no coração dos amantes do jogo.

Matheus Bottura

Ainda é meio estranho para um fã do Lakers aceitar que o Kobe está parando, sabe? Depois de mais de 20 anos, vai ser estranho ligar a TV e não vê-lo vestindo reluzente em amarelo e roxo.

Confesso que fiquei pensando em uma maneira legal de homenageá-lo. Alguma frase bem bolada, alguma citação ou coisa que o valha. Mas é tão estranho que eu nem sei por onde começar.

Pensado cá com meus botões, cheguei a conclusão que a aposentadoria do Kobe é como uma separação entre amigos. É como se fosse amigo de uma pessoa. Vocês se viam todo santo dia por 20 anos. Aí, do nada, seu amigo recebe uma proposta de emprego de outro estado e vocês acabam se separando.

A amizade acaba? De jeito nenhum. Ela apenas se modifica. Do mesmo jeito que você e seu amigo têm de entender que a separação faz parte do curso natural da vida, a aposentadoria do Kobe é uma coisa natural, que só servirá para aumentar a idolatria que nós sentimos pelo Black Mamba.

Hoje vai ser a última vez que o veremos com o número 24 nas costas. Vibraremos com cada passe, cada cesta e cada bolsa de gelo que ele tenha que por entre um quarto e outro. Vai ser difícil não ver nosso amigo em quadra? Claro que vai. Mas a dor do adeus vai passar com o tempo.

Só nos resta aplaudir pela última vez e agradecer pelos últimos 20 anos de parceria. Hoje, o Kobe sai da vida para entrar para a história do Lakers. Mais do que merecido.

Muito obrigado por tudo, Kobe Bryant. Obrigado, meu velho amigo

João Gabriel

Noite de quarta-feira, a noite mais famosa do esporte brasileiro, dia de futebol, dos grandes jogos. Hoje, dia 13, não há futebol que importe mais. Não há evento que emocione mais. Hoje, daqui a algumas horas, Kobe Bryant entrará em quadra pela ultima vez como jogador profissional de basquete. É a despedida do maior jogador da história recente do esporte, uma lenda que eternizou seu nome como sucessor de Michael Jordan. Hoje o dia é seu, Black Mamba!

Hoje é seu dia de despedir-se de nós, mas o seu dia dentro de esporte foram todos os dias em que você esteve dentro da quadra, sendo com a parceira campensíssima com o Shaq, ou com o Gasol. Mas pode ser também nos jogos em que o Lakers não vislumbrava vencer, mas a torcida estava lá porque teria um Kobe para assistir. Como será hoje.

Eu aprendi basquete vendo o camisa 24 do Lakers, a camisa que eu tenho guardada com extremo carinho no meu guarda-roupas. Quando pouco entendia sobre a NBA, não torcia por time algum, eu ficava sentado para torcer pro Kobe, não me valia quais as circunstancias. Para um garoto com seus 10 anos, ver um cara que dominava as ações do jogo, que falava com os olhos e enlouquecia a bancada que lhe assistia, era algo transcendental. Era o primeiro entendimento do que é ser ídolo, ainda que eu não entendesse que o meu sentimento era de fã para ídolo. Obrigado, Kobe.

Meu primo e o cara com quem aprendi a ver basquete me dizia que o Kobe era apelão. Verdade. Kobe nunca soube o que é brincar com o esporte, ele viveu a arte de vencer com maestria. Ninguém tinha o amor pela vitória e o ódio pela derrota que o camisa 10 da seleção norte-americana sempre mostrou. Aliás, pela seleção, ele venceu as olimpíadas por duas vezes. Me lembro que parava tudo na minha rotina para vê-los, para admirar.

Aos meus 15 anos, já tinha perdido a chance de ver o Mamba sendo vencedor de torneio de enterradas, de vê-lo usando a oito do Lakão. Até assisti por vídeos, mas não compartilhei a temporada em que ele teve 35.4 pontos de média por jogo. TRINTA E CINCO DE MÉDIA. Foi em 2005/06. Façam como eu, assistam. É o maior exemplo para que você se deixe contagiar pelo poder da vitória, pela gana de competir. O legado de competição que Kobe nos deixa é para ser reverenciado por seus filhos, netos..

Mesmo com a idade pesando muito nas costas em cada fade away que tentava, ele foi adaptando-se às dores, afinal o desejo de competir é muito maior. Dessa forma, conseguiu mais de 33 mil pontos, o terceiro cara que mais pontos fez em toda a história. Foi armador, foi ala, foi pivô. As posições se moldavam para abrigar melhor o jogo dele. Pra que se preocupar tanto com formalidades, né.

Dizem que o ódio é a maior forma de respeito que um atleta pode receber de seus rivais. Kobe comprova. Ele foi o único jogador da história que anotou mais de 30 pontos contra todos os seus rivais. Todos. Até 81 pontos ele já foi capaz de anotar em quatro quartos. Todo mundo ama odiar Kobe. Eu chorei a derrota do time que adotei como meu diante de um jogo normal do Mr Bryant. Maldito seja esse seu poder de ser ídolo. Em sua ultima temporada, em qualquer cidade ou ginásio, ele importou mais que o jogo, foi homenageado em todos. Só ele poderia algo assim nesse mundo contemporâneo em que o romantismo do esporte não mais existe.

Quando estive em uma final de NBA, imaginei que só veria camisetas e matérias do time que viria a ser campeão. Eu estive quase certo. Não havia uma loja sequer que não pendurasse uma camisa amarela com o número 24 às costas. Até hoje não sei porque me surpreendi. Era óbvio. Kobe está além de um simples jogo, ele foi o jogo, ele mudou o jogo, ele mudou todos nós que o vimos. Antes que a lágrima domine o teclado que recebe esse texto, é hora de fazer como Kobe. Agradecer, celebrar e esperar a hora. E como muito bem representavam os cronômetros das cestas que recebiam os arremessos decisivos seus, Kobe: 5, 4, 3, 2, 1…

Obrigado, Kobe. Em nome de todo o Linha Esportiva.

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