Você sabe de algumas coisas importantes que aconteceram em 1896? O físico francês Antoine Henri Becquerel descobriu a radioatividade dos sais de urânio e isso lhe rendeu um Prêmio Nobel anos mais tarde. A cidade de Sertãozinho, no interior de São Paulo, foi fundada. No continente africano, Grã Bretanha e Zanzibar se enfrentaram em armas pela Guerra Anglo-Zanzibari, considerada a guerra mais curta da história, que durou cerca de 40 minutos.

Mas de todos os eventos ocorrido no ano em questão, um deles merece o destaque, pela sua importância para a história do esporte. Entre 6 e 15 de abril de 1896, acontecia em Atenas, na Grécia, os Jogos Olímpicos de Verão, também conhecida por ser a primeira Olimpíada da Era Moderna.

Os jogos tiveram competição enter os dias 6, além da abertura, e foram até o dia 13. Em disputa, nove modalidades diferente: atletismo, ciclismo, esgrima, ginástica, halterofilismo, lutas, natação, tênis e tiros. Ao todo, 241 atletas, de apenas 14 nacionalidades diferentes, lutaram pelas medalhas e pelo lugar mais alto do quadro geral, que acabou na mão dos Estados Unidos.

Passados 120 anos, chegamos até o Rio de Janeiro, onde a 31ª edição dos jogos olímpicos foi realizada. Da primeira para a mais recente, a única coisa que se manteve foi a supremacia americana no quadro de medalhas. De resto, tivemos um avanço incrível em números. Realizaram-se 306 disputas de medalhas em 28 esportes, dois a mais que Londres-2012, divididos em 42 modalidades. Todos os 206 Comitês Olímpicos Nacionais garantiram a classificação de pelo menos um atleta aos Jogos, que tiveram um total de 11.303 competidores, entre homens e mulheres.

Todos esses números mostrados até aqui tiveram apenas o intuito de falar sobre um assunto: evolução. A cada novo ciclo olímpico, novos esportes foram inclusos na competição. De Londres-2012, para o Rio-2016, o golfe e o rugby sevens foram inclusos no programa. Para os próximos Jogos, que acontecem em 2020, em Tóquio, outros esporte também estarão presentes. E alguns deles podem causa estranheza para que for ver, como surf, escalada e skate.

Apesar de poder gerar o estranhamento de alguns, essa atualização é normal, como o que pode acontecer mais tarde, em 2024, quando Paris sediará a Olimpíada. Foi anunciado na última semana que a França estuda a possibilidade de incluir competições de eSports em seus jogos.

De acordo com uma matéria da agência de notícias “Associated Press” e publicada pelo jornal “USA Today”, Tony Estanguet, co-presidente do comitê olímpico de Paris disse que “Nós demos uma olhada nisso porque não podemos dizer ‘Isso não é para a gente. Isso não é sobre a Olimpíada. A juventude está interessada no eSports e isso é algo. Vamos prestar atenção nisso, vamos encontrá-los. Vamos tentar encontrar algumas pontes. Não quero começar dizendo não. Acho que é interessante conversarmos com o COI, com eles, com a família dos eSports, para compreendermos melhor qual é o processo e como ele é um processo'”

Pode não parecer, mas isso seria um passo fantástico para os dois lados, tanto para a Olimpíada, quanto para o mundo do eSports.

Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, durante a final do Campeonato Brasileiro de League Of Legends (CBLOL)

Para quem não sabe, vamos lá. O mundo do eSports vem se tornando cada vez mais atrativo. ESPN, SporTv e Esporte Interativo já oferecem programas especiais e transmissões das competições. Equipes tradicionais do futebol nacional, como Santos, Flamengo e Atlético Paranaense já possuem equipes próprias em determinadas modalidades do jogos eletrônicos.

Para se ter uma ideia, o vencedor The International, competição de Dota 2, um jogo do gênero Multiplayer Online Battle Arena (Batalha online, abreviado como MOBA), vai ganhar mais dinheiro que o campeão da Libertadores. De acordo com Mário Fontes, da Folha de Pernambuco, o campeão do torneio futebol “levará para casa “apenas” 3 milhões de dólares, sem acumulação. Quem vencer o The International em 2017 levará para casa a quantia de aproximadamente 10 milhões de dólares, que representa 44% da premiação total.” 

Caso esteja presente no Jogos de Paris 2024, o eSports seguirá um caminho que já parece certo, ao menos na Ásia. Foi divulgado que o Conselho Olímpico da Ásia (OCA) anunciou que o Asiad – equivalente aos Jogos Panamericanos na Ásia – de 2022, na China, terão modalidades de eSports com medalhas. Já é certa a inclusão de competições de FIFA e algum outro Moba, que deve ficar entre League of Legends e Dota 2.

Equipe de Counter-Strike: Global Offensive

Outro ponto que deve ser levado em consideração é a audiência, que pode ganhar um belo incremento. Pergunte para um jovem se ele sabe quem foi o campeão do heptatlo na Olimpíada do Rio-2016. Depois pergunte para o mesmo jovem se ele sabe quem foi o campeão do Cblol. A resposta para a segunda é bem mais fácil de se obter.

Em prática, para se entender o tamanho do eSports pelo mundo, vamos aos números. De acordo com o Papo de Homem, em 2016, mais pessoas viram a  Mundial de LoL entre Koo Tigers e SK Telecom realizada na Mercedes Benz Arena, em Berlim do que o jogo 7 da final da NBA entre Cleveland Cavaliers e Golden States Warriors. Ainda de acordo com o mesmo texto, a audiência a final do ESL Pro-League Counter Strike, uma competição mundial de CS, e alcançou uma audiência maior do que a final de Wimbledon, o principal Grand Slam do circuito mundial de tênis. Isso fora a expectativa de que esse mercado movimente até US$ 2 bilhões de dólares em 2018.

Os números estão aí. E só não vê quem não quer. Da mesma forma que muitos tradicionalistas acharem que novos esportes eram absurdos para os jogos olímpicos de 1900, muitos acham que o eSports não tem espaço nas Olimpíadas de agora. Mas por que, eu te pergunto? O mundo só tem espaço para os mais rápidos e mais fortes? E os mais inteligentes e estrategistas, como muitos eAtletas são, por que eles não podem ter o mesmo espaço?

Citius, Altius, Fortius ou “mais rápido, mais alto, mais forte” é o lema dos jogos Olímpicos. Mas não vejo nenhum mal os estrategistas, ou Strategist, buscarem o seu lugar ao sol, ou sob uma medalha de ouro olímpico.

Comentários

comentário