São Paulo e Corinthians se enfrentam no próximo domingo, às 19h no Estádio do Morumbi, pelo 1º jogo das semifinais do Campeonato Paulista. O jogo, tradicionalmente conhecido como Majestoso, será uma ótima oportunidade de avaliar o trabalho dos iniciantes Rogerio Ceni e Fábio Carille como treinadores de equipes principais. E como todo clássico, será decidido em detalhes e terá cada movimento disputado como se fosse um grande jogo de xadrez. Vamos à análise das peças.

O rei deve ser o protegido, afinal, é ele o alvo principal dos ataques adversários. Certamente, eis ali uma das maiores diferenças neste clássico: enquanto o Corinthians chega com seu goleiro confiante, retomando a boa fase, o gol tricolor ainda passa por momentos turbulentos. Renan Ribeiro, que seria apenas a 3ª opção, assumiu a titularidade e tem feito jogos razoáveis, mas ainda não transmite a segurança nem tem a experiência do Cássio neste tipo de duelos.

As torres andam pelos lados do tabuleiro, indo e voltando, defendendo e atacando. Neste caso, mais uma vez a vantagem está no Parque São Jorge. Fágner e Guilherme Arana são tecnicamente superiores a Buffarini e Junior Tavares. Os laterais corinthianos tem muita mais capacidade ofensiva, e não resolvem as jogadas se livrando da bola com cruzamentos inócuos na área, o que geralmente acontece com os seus colegas são paulinos. A situação do tricolor nesta posição é tão delicada que até o momento não é possível ter certeza de quem são os titulares da posição, em especial na direita, onde Buffarini tem sido tão questionado que se cogita improvisar o jovem Araruna na posição.

O cavalo representa a força, o movimento surpresa. Aquele que chegará invadindo o espaço adversário. Talvez esta seja a única grande vantagem tricolor. Lucas Pratto é muito mais jogador do que Jô, Cleiton, Kazim ou quem vier a jogar nos comando do ataque corinthiano. Resta saber qual será a reação do argentino após o gol contra marcado na Copa do Brasil contra o Cruzeiro, mas tecnicamente, a vantagem é indiscutível para o centroavante são paulino. Resta saber se o argentino conseguirá receber a bola em posição de finalização, ou se deverá sair da área e buscar jogo pelas laterais, o que definitivamente reduz seu poder de fogo.

Os bispos se movimentam nas diagonais do tabuleiro, podendo percorrer longas distâncias. O mesmo poderíamos dizer dos meias externos. Nesse ponto, espera-se um duelo equilibrado no Morumbi. Jadson é indiscutivelmente o melhor jogador, no quesito técnico, que teremos em campo. Habilidoso, bom finalizador e excelente cobrador de faltas, será a grande arma ofensiva do Corinthians, saindo da ponta direita e entrando em velocidade na área. O fracasso de Wellington Nem, vaiado no jogo de ontem, tem sido um problema sem solução para Rogério Ceni, que deverá apostar todas as suas fichas no jovem Luiz Araújo, de excelente potencial, porém, ainda inexperiente em jogos decisivos.

Mas de todas as peças, nenhuma é tão decisiva quanto a rainha. Perdê-la significa diminuir consideravelmente as possibilidades de sucesso. Ela que tem liberdade de movimentação, sendo peça decisiva tanto no ataque quanto na defesa. Eis que nesse caso, o São Paulo começa o jogo sem seu principal jogador. O peruano Cristian Cueva, machucado nas eliminatórias, não estará em campo, e com isso, o tricolor perde seu articulador, aquele que faz com que o São Paulo tenha porcentagens de posse de bola semelhantes ao Barcelona mas não tenha finalizações equivalentes à Portuguesa Santista, igual foi no jogo contra o Cruzeiro pela Copa do Brasil. Já no Corinthians, Rodriguinho, de ótima fase, será o articulador, o jogador da transição entre defesa e ataque, e aquele que junto com Jadson promete infernizar os volantes tricolores.

Por último, os piões, aquelas formigas invisíveis, sem destaque técnico mas com funções táticas decisivas. O equilíbrio parece ser a tônica do clássico nesse quesito. Maicon e Rodrigo Caio podem até ser tecnicamente melhores do que Pablo e Balbuena, mas a instabilidade do time como um todo os levam a cometer erros individuais infantis em quase todos os jogos. Thiago Mendes e Jucilei tem mais nome do que Gabriel e Maycon, mas não são constantes e não tem sido tão decisivos quanto Rogério Ceni e a torcida tricolor gostariam.

No comando de todas essas peças, dois iniciantes, que estarão diante do jogo mais importante das suas trajetórias como treinadores.  Rogério Ceni aponta à modernidade, ao uso (exagerado e infeliz) de estatísticas para analisar o time, a um time rápido e que proponha o jogo o tempo todo. Carille aposta à Titebilidade, um time compacto, que joga em bloco, uma defesa consistente, contra-ataques velozes  e a certeza de que 1 a 0 é goleada. Até agora, tanto em jogos amistosos quanto oficiais, o resultado foi de tablas. Veremos se o xeque mate sairá já neste domingo ou será necessário esperar o jogo de volta.

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