Por João Gabriel Falcade

Vocês se lembram que “é claro que o Sol vai voltar amanhã?” ou até mesmo aquele conselho contemplativo de que “mas é claro que o Sol já vem”. Embalados fomos todos nós por alguma música que toca o coração, que incentiva a alma, que aconchega e reconfortada dor de algo ou de alguém.

Musicas são histórias com tom, com acorde e guiadas por notas. A vida é uma música, mas com a irregularidade típica do drama e da dor.

Dia 27, a Chapecoense era pé de valsa do vencedor Palmeiras, a mulher linda do baile que arrumou um grande par para dividir a alegria. A Chape contemplou o prazer de fazer alegre e receber respeito. Embarcou para a glória e deu de cara contra o imprevisível.

Disco riscado, nota mal colocada, semitonou a trilha sonora do sucesso. Como uma grande valsa, pausou para a dor e, dois pra lá, dois pra cá, enveredou-se de volta para o ritmo. Dança, chá, Dança, pê.

Nenhum ritmo explode sem ser pequeno, sem ser quase criança de tom, bebê(r) pequeno. Se estrutura com discos de vinís, com homens preparados para conduzir a dama, rolando por aí, pelos “campos, verdes mares” que são encontrados e desafiam. Mas surgem mesmo, no brilho de quem acabou de chegar e quer marcar seu passo no paço do sucesso.

Hoje, meus amigos, o sol voltou a brilhar, a raiar; o disco começou a tocar, o risco começou a sumir, a valsa começou a empolgar, a vida voltou a gritar “vamos ganhar, Chapê”.

Os meninos de Chapecó conseguiram se classificar para a segunda fase da Copa São Paulo de Futebol Júnior, aos trancos e aos óbvios barrancos que fazem parte do Fado Catarina.

Chegaram, fizeram e choraram. Não eles, mas nós, mas eu. Cantei junto, como ouvi cantar para ninei, como ouvirei para ninar, como valsei, dancei e sofri, mas recolhi a alegria de um sol que surge ao som do sucesso.

Voa, Chape, mas voe de volta pro futuro que te foi interrompido momentaneamente. Se em algum momento o “vamos, vamos, Chapê” ficou enrustido num canto fúnebre, hoje podemos cantar com o orgulho vivo de quem sempre vai ganhar: “VAMOS GANHAR, Chapê, VAMOS GANHAR CHAPÊÊÊÊ”

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