É difícil quem nunca tenha ouvido falar em Batman, Super Homem, Spider Man, Hulk, entre tantos outros heróis dos quadrinhos idolatrados em nossa fase infanto-juvenil. Esses são os heróis das nossas infâncias que a gente acredita, mesmo agora na fase adulta, que realmente existem e a qualquer momento podem aparecer para acabar com os vilões corruptos de nosso país. Afinal, eles fazem exatamente o mesmo perfil dos bandidos dos filmes: homens com grande poder nas mãos e que usam o status como fachada para praticar crimes que, aos poucos, vêm sendo revelados a passos de formiga.

Infelizmente eles não sairão dos quadrinhos e muito menos dos filmes para salvarem na vida real. Por aqui, em nosso dia a dia, cabe a nós mesmos nos tornarmos justiceiros de nossas vidas e procurarmos sempre o caminho do bem. E há tantos heróis espalhados pelo Brasil que acabamos nem mesmo os reconhecendo.

Não falo de Bolsonaro e nem mesmo de Sérgio Moro – idolatrados por muitos. Falo de pessoas comuns que de alguma forma tentam moldar nosso caráter, desde pequenos, para chegarmos na fase adulta lutando pelo bem.

Para entender um pouco do que digo, basta pensar no lado esportivo. Em Copa do Mundo de Olimpíada a gente começa a se espelhar e torcer por muitos novos heróis. Esportistas que estavam desconhecidos até subirem em um pódio ou se destacarem em determinada modalidade. São nossos espelhos, nossas esperanças, nossos heróis desconhecidos. Quem nunca acordou de madrugada para torcer por um desses campeões ocultos?

Estes heróis só viram heróis por meio de outros heróis. Frase complexa, eu sei, mas que é a pura verdade. No Judô, por exemplo, modalidade em que o Brasil se destaca em qualquer tipo de competição, nossos heróis só chegam a esse patamar por meio de outros heróis: seus treinadores.

Vanzella conquistou a inédita Faixa Coral para São João da Boa Vista (Foto: Franco Junior)

Em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, cidade que revelou heróis como Mauro e Bellini (primeiros capitães da seleção brasileira a erguerem a taça de Campeão do Mundo), ainda não surgiu nenhum judoca campeão olímpico. Entretanto, dia a dia surgem novos campeões na vida. Todos formados pelas mãos do professor José Sinésio Vanzella.

Aos 69 anos, Vanzella pratica Judô há quase 50 anos e, nos últimos 30, desde que virou Faixa Preta e professor da modalidade, é o espelho de cada criança que inicia a vida no Judô. Isso tudo no mesmo clube em que os campeões do futebol também surgiram, a Sociedade Esportiva Sanjoanense.

Bom, quem chegou até neste trecho pode estar se perguntando o que quero dizer com todo esse blá blá blá de quadrinhos, Bolsonaro, Judô e heróis. É bem simples!

Se é possível subir do patamar de herói e se tornar um super-herói, assim como vivemos acreditando, Vanzella se tornou um na última semana, quando subiu um degrau a mais depois da Faixa Preta. Desde então ele postula a Faixa Coral, um feito inédito para a pequena São João da Boa Vista e para as cidades da região, assim como é uma conquista para poucos dentro do Judô. A Faixa Coral só foi possível pelo fato de acreditar na vida, acreditar que os jovens que iniciam o esporte podiam se tornarem pessoas de bem e por acreditar e viver a doutrina do Judô.

Este feito só é alcançado por heróis. Vanzella se tornou um super-herói. No mundo do Judô, deixa de ser chamado por Sensei (professor) e agora é conhecido por Shihan (mestre).

Exemplos como este estão espalhados por todas as cidades. Basta observarmos com mais atenção e não esperarmos que Batman, Super Homem, Spider Man e Hulk saiam dos quadrinhos.

Se fizermos isso, iremos perceber que nossos heróis estão bem mais perto do que imaginamos. Assim como sempre esteve por aqui o Shihan de São João da Boa Vista.

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