21 de agosto de 2016. A tarde se encerrava, assim como a tão esperada Olimpíada Rio 2016. O Maracanãzinho de pé esperava a vitória. Wallace sacava para o jogo, que apontava 25 a 24 para o Brasil. O italiano Zaytsev parava no bloqueio e o ouro, o tão sonhado ouro, voltava a se pendurar no peito da seleção brasileira de vôlei. A alegria tomou conta do ginásio. Lágrimas de emoção escorriam nos rostos de Serginho, líbero que voltara especialmente para recuperar o ouro perdido. Os jogadores se abraçavam, mas entre tanta euforia e emoção, um abraço marcaria definitivamente o voleibol nacional: Bernardo Rezende, Bernardinho, como será para sempre lembrado, abraça e entrega a medalha para seu filho, Bruno, levantador e um dos craques do time. Meses depois, o treinador disse que foi esse momento que o levou a encerrar sua trajetória como treinador da seleção brasileira masculina de voleibol. “A primeira vez em 23 anos que eu pensei realmente em deixar. Para ver outras coisas, pensar um pouco. Quando o Bruno me abraça na final da Olimpíada foi o momento que eu falei: realmente deu. Se de alguma forma eu inspirei, fiz alguma coisa legal, onde eu estiver vou tentar continuar a fazer. O professor, ele quer que o grande reconhecimento seja quando um ex-aluno vem a ele. (…)”, disse Bernardinho em entrevista ao Jornal Nacional.

11 de janeiro de 2017. Após 16 anos de brilhante trajetória no comando do time, Bernardinho deixa o comando da seleção masculina de vôlei. Treinador exigente, detalhista, intenso e polêmico. O desespero após os pontos perdidos ficará tão imortalizado quanto os peixinhos após cada grande conquista. Exigente, cobrava perfeição dos seus atletas, e repetia a cada entrevista que o fim do auge poderia estar próximo. A única forma de se manter a frente em qualquer área é dedicar-se ao processo de preparação com pelo menos o mesmo entusiasmo do segundo colocado”, disse certa vez. Estudioso, adaptou treinamentos de outros esportes (Futebol Americano), e após horas e horas de dedicação, montou e remontou, ao longo de quatro ciclos olímpicos, times vencedores, transformando suor em ouro, como ele mesmo intitula seu livro. Polêmico, colecionou desafetos e entreveros com craques do time, como o levantador Ricardinho durante os Jogos Pan-americanos de 2007. Não hesitou em entregar um jogo para a Bulgária durante o Mundial de 2010 procurando um cruzamento mais favorável na rodada seguinte. Foi campeão. Enfrentou os críticos, mas nunca mudou seu estilo.

Vitorioso. Nenhum outro adjetivo descreve tão profundamente a trajetória de Bernardo Rezende na seleção brasileira de vôlei. Se somarmos as passagens à frente do time masculino e feminino, o treinador conquistou medalhas olímpicas em seis edições seguidas dos Jogos, todas as que disputou. Restringindo aos títulos no comando da seleção masculina, foram 28 títulos, entre Jogos Olímpicos, Campeonato Mundial, Liga Mundial, Sul-Americanos e Copa dos Campeões.

Encerra-se um grande ciclo, mas deixa-se um legado ainda maior para o esporte. “A vontade de se preparar tem que ser maior do que a vontade de vencer! Que isso possa servir de exemplo para os atletas e técnicos que virão. Por enquanto, nós só temos a agradecer por tanta dedicação e talento.

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