Julho: mês férias escolares. Nada melhor do que aproveitar as tardes de sol para fazer piqueniques em gramados e parques.  Ou até mesmo ficar em casa assistindo a bons filmes debaixo do cobertor. Em comum aos dois programas, gordices quentes de inverno são fundamentais! Neste final de semana, o pão de queijo e o chocolate foram cardápios especiais para todos os fanáticos do tênis que acompanharam as decisões de duplas e simples masculinas.

Pão de queijo, simples ou recheado. Delícias mineiras que foram adotadas por todo o Brasil, assim como os duplistas brasileiros. Carentes de um tenista de destaque em simples, Bruno Soares e Marcelo Melo viraram os xodós do tênis nacional. A campanha de Bruno Soares foi um pouco decepcionante, pois era candidato ao título e sucumbiu já na 2ª rodada das duplas masculinas e alcançou uma honrosa semifinal nas duplas mistas. Dessa forma, todos os holofotes viraram-se para o outro mineiro: Marcelo Melo. Novo número um do mundo, o Girafa, como é conhecido, disputou o torneio de Wimbledon ao lado do seu habitual parceiro, o polonês Lucasz Kubot. Apesar do histórico favorável, pois chegaram a Londres invictos na grama, a trajetória até a taça foi tumultuada e emocionante. Após uma primeira rodada sem maiores complicações, logo na 2ª rodada precisaram de 5 sets (com direito a 11/9 no set decisivo) para avançar. Aliás, jogar 5 sets foi a tônica da caminhada do mineiro e do polonês rumo ao título. Mais 5 sets nas oitavas de final foram necessários para enfim ter um jogo tranquilo nas quartas de final, onde um categórico 3 a 0 os colocou nas semifinais. Dai em diante, só emoção: 3 sets a 2 contra a dupla número um do mundo, formada por Kontinen e Peers e uma final não apta para cardíacos, com 13 a 11 no set decisivo e quase 5 horas de jogo contra Marach e Pavic.   Desta forma, o mineiro abocanhou o histórico título na grama sagrada inglesa, a classificação para o ATP Finals (torneio que reúne as oito melhores duplas do ano) e de quebra garantiu a liderança do ranking mundial de duplas.

Mas a fome de bom tênis precisava de um final doce. E se há um doce universalmente preferido é o chocolate. Ao leite, branco, meio amargo, variações de deixar a boca cheia d´água. Especialmente se pensarmos num chocolate suíço da melhor qualidade. Bem que poderia ser vinho, porque melhora com o passar dos anos, mas Roger Federer foi o mais digno representante do país do chocolate. Magistral, imparável, sublime, solene. Faltam adjetivos para representar o que foi a trajetória do tenista rumo ao nono título da carreira na grama de Wimbledon.  O suíço venceu sete jogos sem perder sequer um set, mostrando um tênis impecável. Um saque sólido que o tirava das poucas situações de risco em que esteve, uma direita mortal com a qual ganhava a maioria dos pontos e uma esquerda esteticamente fantástica e extremamente eficiente. De quebra, usava o recurso do saque e voleio para encurtar os pontos sempre que possível e assim economizar energias para a próxima rodada. A impressão que deixou foi de uma superioridade absurda em relação a todos os seus adversários. Críticos dirão que ele não enfrentou Nadal, Djokovic ou Murray e por isso o título precisa ser relativizado, mas a facilidade com que despachou especialistas em quadras de grama como Raonic, Berdych e Cilic são óbvios sinais de que seria favorito contra qualquer adversário. Atual número 3 do mundo, Federer tornou-se o primeiro homem a vencer nove vezes em Wimbledon, apenas uma pequena parte dos seus 19 troféus de Grand Slam e 93 títulos como profissional.

O nosso colega João Gabriel Falcade, grande jornalista e fã do tênis de Federer disse um dia: “Roger Federer parece ter pés de Ryan e mente de Button. Parece ser produto de Hollywood. Um uísque envelhecido em barris de carvalho ao longo de duas décadas, ou até mais. Roger se vê às voltas com as lesões, com as dores do velho jovem Button. Mas descobre-se vital como jovem velho Benjamim. De forma cinematográfica, a peça de Federer parece viver sua turnê de despedida, daquelas de filas enormes, casas abarrotadas, finais aclamados.”

 

Ele versava sobre quão absurda era a conquista de Roger, na Australia. Hoje, ele questão de ressaltar que a peça de despedida virou best seller, já é a mais vendida de todos os tempos e NÃO tem previsão para acabar. Esperamos que seja uma turnê infinita, afinal, Roger Federer extrapola, e muito, a sétima arte.

Pão de queijo e chocolate, complementos perfeitos para um final de semana recheado de títulos e bons filmes. Bom apetite!

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