Após a humilhante derrota por 3 a 0 no Choque-Rei, os torcedores do São Paulo elegeram o vilão para o desastre visto no Allianz Parque: o goleiro Dênis – pra variar. Reclamações sobre o suposto erro de posicionamento no primeiro gol e, principalmente, sobre a “falha” no terceiro gol palmeirense, fizeram os fãs do Tricolor Paulista voltarem as atenções a quem há tempos é dito como o ponto fraco da equipe. Mas vamos ser realistas, são-paulinos: seus problemas vão muito além de Dênis.

Sim, o arqueiro ainda não inspira a confiança necessária para um jogador de time grande, mas ele é, hoje, o melhor goleiro da equipe. Sidão falhou em praticamente todos os jogos que fez até aqui e necessita de um tempo para treinar e voltar melhor e mais confiante. Dênis fez bem o papel de substituto, foi seguro nas partidas que fez até aqui no ano e merecia figurar entre os titulares no clássico, mesmo se Sidão não tivesse com a lombalgia que o tirou da partida. O problema é que Dênis já atingiu um nível de desconfiança tão grande que qualquer gol sofrido por ele já é visto como falha por torcida e mídia. Ontem, por exemplo, o primeiro gol sai de uma falha na saída de bola de Douglas e Buffarini e o goleiro estava como escape para a saída de bola tricolor (comum no esquema de Rogério Ceni), enquanto o terceiro tento sai após Borja, inteligentemente, desviar a bola e tirar do arqueiro, dando a assistência para Guerra. Ambos caíram na conta de Dênis. Fosse Fernando Prass ou qualquer outro goleiro dos quatro grandes paulistas, nenhum dos gols seria apontado como falha.

Fora isso, o São Paulo ainda passa por sérios problemas defensivos, que fogem do alcance de Dênis. A equipe possui a segunda pior defesa do campeonato paulista, sofrendo impressionantes 17 gols em apenas 8 partidas, com um sistema defensivo completamente frágil. Erros em saída de bola, contra ataques sofridos com muita facilidade… fora que apenas Rodrigo Caio passa segurança no miolo de zaga nesse início de temporada. Douglas, Breno, Lugano e até Maicon têm dado calafrios ao torcedor tricolor. Para atingir um nível mais competitivo, Rogério Ceni precisa urgentemente corrigir seu sistema defensivo, sem abdicar da posse de bola e ofensividade pregadas pelo M1to e agora treinador. Recomposição rápida na defesa e um chutão de vez em quando são necessários com urgência.

Também ficou evidente no Choque-Rei a “Cuevadependência”. Sem o camisa 10 peruano, o Tricolor Paulista quase não teve a bola no campo de ataque e pouco ameaçou a melhor defesa do Paulistão. Sim, Cueva faria falta em qualquer equipe do futebol brasileiro, pois se trata de um craque para os padrões tupiniquins, mas o São Paulo não pode cair drasticamente de qualidade como caiu no Clássico. Praticamente nulo ofensivamente, algo surpreendente para quem possui o melhor ataque da competição. Méritos também para o esquema defensivo do Palmeiras, que prezou por marcar Luiz Araújo onde o garoto fosse em campo, dificultando a chegada da bola para Pratto. O atacante argentino, na bola espirrada, dificilmente iria ganhar de Mina e Vitor Hugo – e não ganhou. Se o São Paulo vinha sendo o time do desequilíbrio, ontem isso cessou: foi igualmente mal na defesa e no ataque.

Devido aos desfalques, ao início de trabalho de Rogério Ceni, com um esquema ousado e de certa forma inovador para os grandes clubes do futebol brasileiro, e ao adversário fortíssimo enfrentado pelo Tricolor, não é justo tomar conclusões para a temporada são-paulina baseadas nessa partida. Assim como não é justo jogar a culpa da derrota num goleiro que nada tem a ver com as principais deficiências do São Paulo em 2017.

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