O ano começou promissor para o Flamengo. Terceiro colocado do Campeonato Brasileiro em 2016 jogando 33 dos 38 jogos fora do Rio de Janeiro e mesmo assim disputando o título brasileiro até o fim com Palmeiras e Santos, manutenção do técnico Zé Ricardo e contratações de jogadores bons e experientes para brigar por títulos, como Conca, Everton Ribeiro e Berrío, além da manutenção de Diego e Guerrero, líderes técnicos e pilares do time do ano passado.

A conquista do Estadual invicto empolgou os mais fanáticos e deu um falso sinal de que viria “cheirinho de coisa grande por aí”. O primeiro grande fiasco do ano foi a Libertadores, com a eliminação da fase de grupos em uma chave composta por Atlético Paranaense, Universidad Católica (Chile) e San Lorenzo (Argentina). Com três derrotas fora de casa, o time carioca caiu pela terceira vez seguida na fase de grupos e aumentou sua lista de maus resultados em competições internacionais, com exceção da Libertadores e do Mundial de 1981.

Após um primeiro semestre que já não foi tão bom, o cenário piorou no segundo. Na Copa do Brasil o Flamengo foi até finalista (perdeu nos pênaltis para o Cruzeiro), mas as críticas pela manutenção do irregular goleiro Muralha no elenco e a demora para contratação de Diego Alves, impossibilitando o arqueiro ex-Valencia de atuar na final contribuíram para que as chances de título do rubro negro diminuíssem e as primeiras críticas para o trabalho da diretoria e da comissão técnica aparecessem.

Se o desempenho já havia sido fraco na Libertadores e na Copa do Brasil houve insatisfação com o vice, o cenário pioraria de vez no Campeonato Brasileiro. Com o maior investimento do futebol brasileiro ao lado do Palmeiras, o Flamengo fez uma campanha irregular durante toda a competição. Jamais brigou pelo título, mudou de treinador e disputa apenas uma vaga na pré-Libertadores na reta final. Após acumular derrotas seguidas fora de casa, o rubro-negro encerrou a 35ª rodada com Bahia, Chapecoense e Atlético Mineiro colados na tabela e crescendo de produção, ao contrário do time carioca, que só piora de rendimento.

Além dos maus resultados, outro ponto frustrante é a postura em campo. Falhas individuais e falta de vontade dos atletas foram características marcantes do time e criticadas com força pela torcida e boa parte da imprensa.

Em consequência de todo um ano turbulento, o Flamengo chega à reta final da temporada em crise dentro e fora de campo. O time sólido defensivamente das primeiras partidas sob o comando de Reinaldo Rueda já não existe mais. O Flamengo agora tem dificuldade para fazer gols, coleciona tropeços e a chance  de ficar fora da Libertadores de 2018 é real, já que a conquista da Copa Sul-Americana (na qual o clube é semifinalista) se mostra muito difícil pelo futebol apresentado. O treinador colombiano já cobrou o time duramente em algumas entrevistas coletivas e parece ter dificuldades em fazer a maioria dos atletas brasileiros entenderem suas propostas de jogo.

Já na parte administrativa o presidente Eduardo Bandeira de Mello se vê pressionado como nunca em seus quatro anos de gestão. Acusado de não cobrar um desempenho maior dos atletas em campo, o mandatário viu vários companheiros que participaram da reestruturação financeira do Flamengo deixarem seus cargos insatisfeitos recentemente  e sofre fortes cobranças para fazer profundas reformulações em 2018, com a demissão do diretor de futebol Rodrigo Cetano e de jogadores considerados abaixo da média para atuar no clube de maior torcida do Brasil, como Márcio Araujo, Rafael Vaz e Alex Muralha.

É assim, em um cenário de crise técnica e incertezas fora de campo que o Flamengo encerra a temporada. Um time perdido dentro e fora de campo. Um rubro negro a deriva e que pode selar, com a ausência na Libertadores, o selo de grande decepção do futebol brasileiro no ano de 2017.

 

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