Por João Gabriel Falcade

Esse texto é como a Chapecoense. Nasceu de novo. Estava pronto. Redondo. No caminho pra acontecer. Foi interrompido. Apagado. Era pra ser um relato emocionado sobre o vídeo divulgado pela Chape TV com a festa de jogadores, comissão e dirigente por terem garantido permanência na primeira divisão do futebol. E vai ser!

Eu, um entusiasta das boas história e apaixonado pelas emoções, conferia a timeline do Twitter numa noite tranquila, calor na pele quando o coração acelera, trupica nas memórias, quase cai de cara contra o chão, e cede. Cede às emoções que se acumulam ao longo de quase um ano. Cede ao choro que fica confuso, nebuloso e de quase impossível decifração.

Porque a taquicardia? Alívio? Tristeza? Lembrança? Saudosismo? Não sei. É um pouco de tudo isso. É a Chapecoense fazendo a releitura de seu próprio filme de terror para superação. É lindo pra cacete! Fomos todos embalados por uma canção uma nota só, mas de incontáveis sentimentos num dia de glória. Essa canção virou mantra, virou saudação, lembrança e agora vira redenção. É como ressuscitar, de fato.

Esse texto começava dizendo sobre como saber quando escrever é uma boa ação, em um momento correto. Quando perceber que amontoar palavras e sensações pode ser relevante na vida de alguém. A conclusão desse projeto de cronista é que “o coração acelerou ao pensar sobre o tema? Escreva. Sinta nas linhas, solte em texto. Digo até aos mais jovens que querem fazer o mesmo trabalho. Aqui, foi diferente. Perdi 6 parágrafos, mas o bpm não baixa. Eles perderam a vida, o clube, tudo. O que são linhas?

São a forma mais sincera de expressar admiração e amor por uma história fantástica. De lembrar de tanta gente que foi, de tanta gente que segue sofrendo por aqui, de uma história que foi apagada pela vida, mas que a vida teve de engolir mais lápis nesse papel. Não acabou, não. Começou de novo. Metalinguagem à parte, eu não poderia ir pra cama deixando que o vento levasse as minhas sensações. Seria desonesto.

Vi a maioria dos anjos de Chapecó a poucos metros de mim, dia 27/11/16. Foi no Allianz Parque, no gol norte. Hoje, o gol norte recebeu cinco gols. Hoje, a Chape conquista seu título mais importante. Você acham que è à toa? Vocês acham que um computador tem pane com esse tema à toa? Eu acho que não. Existe muito mais coisas que não sabemos, mas sentimos.

Só sei que, estejam onde estiverem, eles estão honrados.
A Chapecoense, vivíssima.
E esse texto, escrito.

Vamos, vamos, Chape!

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